13 de janeiro de 2014

Árvore devida

Quando eu era ainda um pouco mais velho
A senhorita me fez tão boa companhia
E se mantinha do jeitinho que mais nova
Sem perder a cor dum fiozinho dos cabelos

Que ao passo que eu vinha remoçando
E ficando um tanto mais forte
O seu rostinho de dúvida, um decote
Protegia o meu olhar por inteiro

A experiência de quando eu era feto
Um afeto, um gama, um mantra eterno
Ligando os tempos no umbigo da Terra
Me nutria de longe e também de perto

Me divertia e me bem-castigava
Com a melhor de todas as tabuadas...

Quando orava o terço da matemática, era mãe
E me dava o colo que ensina

Quando contava o terço das cruzes, era irmã
E se colocava em cheque por mim

Quando já não era eu, éramos dois
Sentados no tempo sem fim...


3 comentários:

  1. Achei tão intenso esse poema... profundo e delicado, de uma ternura que nos envolve do início ao fim, embalando a nós mesmos no tempo e no mistério... de um amor que a gente só consegue sentir... mas você poeta, com essa composição tão linda, conseguiu traduzir.

    ResponderExcluir
  2. Muito amor por esse poema <3

    ResponderExcluir