20 de dezembro de 2012

Diário de bordo

Tenho ensaiado um cheiro demorado
E dado respostas no pensamento
Pra qualquer recado que, por mensagem
Você me tem postado

Ah, e calculado tantas combinações
E os arranjos, os permutados, os sinais
Pra os nossos números de telefone
Parecerem flores nos nossos quintais

Às vezes tenho brincado com minha luneta
De olhar as estrelas e ligá-las uma a uma
Formando nomes pra nossos filhos
Ou pra três, dois, ou um nosso cometa

E passado com a minha nave
De buzina nova chamando na porta
Pra dar o rolê do sossego
E passar o fim de tarde suave

Igual àquele em que a gente se bateu
E depois nada de mais aconteceu
Pra que tudo pudesse ter depois
O dobro ou triplo da graça
Do lance de Julieta e Romeu

Com direito a risos tantos
E desdéns que
Nem sei porque
Ainda me espanto

Tenho pintado os números até sete
E contado as horas até que
Pra sair com você
O relógio me desperte

Pra a gente rever os filmes do começo
E começar a conversar
Sobre as roupas no chão
Que ainda estão pelo avesso

É bem seu, o meu diário de bordo
Repleto de suas vozes e das nossas
Ah
Desde a hora que acordo...

Um comentário: